O Memorial Sachsenhausen, conhecido campo de concentração nas redondezas de Berlim, era uma das atrações imperdíveis na minha viagem, apesar de ser um local triste. Vale alertar que não é o tipo de programa que todo mundo gosta de conhecer e que pra visitar um lugar desse é preciso ser – pelo menos um pouquinho – forte.
O Campo está localizado na cidade de Oranienburg, bonita cidade vizinha a Berlim e com acesso muito fácil da capital.
COMO CHEGAR DE TREM
Pegue o S1 (S-bahn Wannsee para Oranienburg) até a Estação Oranienburg. Essa é a última parada e demora uns 45 minutos desde a Estação Berlin-Friedrichstraße. Os trens partem a cada 20 minutos.
Ao chegar na estação de trem você terá duas opções:
1) Esperar os ônibus 804/821, que deixam até a porta do local – parada Gedenkstätte;
2) Andar por mais ou menos 20 minutos até o destino.
Eu, particularmente, fui andando e voltei de ônibus. Achei a ida bem agradável, cheia de ruas bonitas e coloridas. Porém, na volta, como estava muito frio voltei de ônibus.
FUNCIONAMENTO
- 15 de março a 14 de outubro: diariamente entre 8:30h – 18:00h
- 15 de outubro a 14 de março: diariamente entre 8:30h – 16:30h
ENDEREÇO
Straße der Nationen 22
D-16515 Oranienburg
PREÇO
Entrada gratuita. Se quiser um audioguia (altamente recomendável) custa 3€.
VISITA
Entre 1936 e 1945 mais de 200.000 presos “viveram” no campo de concentração, que foi construído para ser “referência” e servir de modelo para outros que surgiriam. Os primeiros prisioneiros foram adversários políticos do regime nacional-socialista mas, mais tarde, começaram a se formar também alguns grupos que os nazistas consideravam inferiores tanto racial como biologicamente (homossexuais, judeus, negros, etc).
Milhares morreram devido às doenças, aos trabalhos forçados e à fome, ou quando não, eram vítimas das técnicas de extermínio massiva empregadas.
Em agosto de 1945, o Campo de Concentração Sachsenhausen se converteu em um campo especial soviético. Três meses depois de terminar a guerra, quando a Europa se viu livre das garras do nazismo, o serviço secreto soviético mudou seu Campo Especial nº 7 para Sachsenhausen.
Alguns lugares provocam mais “calafrios” durante a visita, entre eles:
- Barracões destinados à enfermaria: Não é novidade pra ninguém que no campo se realizaram milhares de crimes médicos, nos quais assassinavam os doentes e realizavam perigosos experimentos médicos aos presos. Eu confesso que chorei nessa sala. Imaginar o quanto de sofrimento tinha ali e o quanto eles eram torturados foi suficiente pra cair umas lágrimas dos meus olhos.
- Cozinha dos prisioneiros: Os presos mais “obedientes” eram mandados para trabalhar na cozinha e é o que todos almejavam, pois tinham a possibilidade de comer um pouco mais que os demais. Confesso que foi chocante ouvir o que eles comiam: batatas estragadas, além de outras poucas coisas. Os presos tinham que conviver diariamente com o forte cheiro de batatas podres (vocês já sentiram esse cheiro? é horrível!).
- Pista para teste de sapatos novos: Os novos prisioneiros eram obrigados a caminhar ou correr o dia INTEIRO com as botas novas que seriam usadas pelos soldados, somente para lacear e testar a qualidade. Se fizesse chuva ou sol, cruel, era proibido parar.
- Estação Z: Se você entra no Campo pelo portão A, o que esperar do Z? A Estação Z funcionou como um local de execução e pelo menos 10 mil pessoas perderam a vida lá – uma das formas de perdê-la era ser colocado em uma câmara de gás, entre outras não menos cruéis. Além de ser local de execução, também era um crematório.
O curioso é que na entrada do Campo, na Torre A, tem uma frase na grade escrito “Arbeit macht frei” (vide foto abaixo), utilizada em vários campos de concentração e extermínio, que significa: “o trabalho te liberta” – pura contradição, pois todas as pessoas que tentaram fugir do campo, morreram sem piedade. Não existe um registro sequer de alguém que conseguiu fugir do local.
Interessante também pensar que em meio a tanta crueldade nesse passado não tão distante da Alemanha, eles mantêm o memorial como forma de mostrar “o que não se pode fazer” com os outros. É quase como uma lição do quão terrível foi a época e que o mundo NÃO deve repetir esse erro.
Conhecer esse Campo de Concentração era uma das prioridades da minha estadia na Alemanha, pode parecer triste, e obviamente é, mas acho inadmissível ir até lá e não conhecer um pouco dessa história negra. Presenciar e imaginar quantas pessoas inocentes morreram brutalmente ali, e refletir um pouco sobre a humanidade e o que o poder é capaz de fazer é realmente de tirar o fôlego.
Se você é forte e está de passagem por Berlim, aproveite a proximidade com a capital para esticar até Oranienburg.
E vocês? Já fizeram algum passeio do gênero?
Beijos!
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